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Corrente humana cerca Parlamento japonês para pedir blecaute nuclear

correnteMilhares de japoneses se reuniram neste domingo (11) para formar uma corrente humana em torno do prédio da Dieta (Parlamento) do Japão, para pedir ao governo que abandone a energia atômica, quando se completa o primeiro aniversário do desastre que castigou o país no dia 11 de março. As manifestações começaram logo após as homenagens às vítimas do terremoto seguido de tsunami, que pararam o país.


Em outras cidades do Japão, como Koriyama, na Província de Fukushima, centenas de manifestantes também saíram às ruas para protestar contra a indústria nuclear. Muitos usavam máscaras usadas contra radiação e levavam cartazes exigindo o encerramento das atividades das usinas no Japão.

Manifestações contra a indústria nuclear também ocorreram em outros países, como França, Bélgica e Suíça. 

Em Tóquio, a corrente humana começou a rodear o prédio no final de uma grande marcha antinuclear que saiu do parque Hibiya da capital japonesa e que percorreu várias ruas da cidade. 

Ao redor do Parlamento, em meio a uma forte presença policial, grupos de idosos, jovens e inclusive crianças com seus pais formaram a enorme fila com cartazes, velas e palavras de ordem a favor do fim das usinas nucleares no Japão. 

A marcha começou depois que milhares de pessoas reunidas em Hibiya guardaram um emotivo minuto de silêncio na hora exata na qual há um ano um terremoto de 9 graus na escala Richter sacudiu o país e provocou um devastador tsunami com mais de 19 mil mortos. 

Muitos dos manifestantes levavam cartazes contra a contaminação nos alimentos e pediam para proteger a saúde da população, sobretudo a das crianças, lembrando que por causa da crise foram encontrados lotes de alimentos contaminados com radiação procedente da usina. 

Além da manifestação antinuclear de Tóquio, o movimento contra as centrais atômicas organizou protestos em locais próximos à usina de Fukushima, onde permanece parte dos evacuados por causa do acidente na unidade. 

Japão lembra as vítimas da tragédia
O Japão parou neste domingo (11) para lembrar, com um minuto de silêncio, as vítimas do terremoto e devastador tsunami que há um ano arrasaram o nordeste do país, causaram 16 mil mortes e deixaram 3.300 desaparecidos, além da pior crise nuclear dos últimos 25 anos. Foi observado, às 14h46 de domingo (2h46 da madrugada em Brasília), horário em que o terremoto aconteceu, um minuto de silêncio. Cerimônias em todo o país incluíram, ainda, badalar de sinos e muitas orações.

Desde o início da manhã, rádios e televisões japonesas apresentaram programas especiais, com muitas testemunhas que expressavam a dor pelo desaparecimento de entes queridos ou a raiva diante da lentidão da reconstrução.

Às 14h46, hora precisa na qual ocorreu o violento terremoto no dia 11 de março de 2011, a vida em muitas cidades do Japão ficou paralisada para um minuto de silêncio e para uma oração coletiva em homenagem às pessoas atingidas pela catástrofe natural e pelo grave acidente nuclear que se seguiu na central nuclear de Fukushima.

Sinos e sirenes soaram em todo o país convocando a população a refletir.

Em Tóquio, logo depois do minuto de silêncio, o primeiro-ministro Yoshihiko Noda pronunciou um discurso durante uma cerimônia no Teatro Nacional de Tóquio na presença do imperador Akihito e de muitas personalidades.

O chefe do governo japonês prometeu fazer todo o possível para reconstruir a região devastada e transmitir a lembrança desta tragédia às gerações posteriores.

O imperador Akihito, recentemente submetido a uma operação na qual teve implantado um marca-passo, levantou-se imediatamente, acompanhado pela imperatriz Michito, para rezar diante de um gigantesco monumento floral.

"Um ano se passou desde o Grande Terremoto do leste; presto uma profunda homenagem àqueles que perderam suas vidas", declarou o soberano, símbolo do povo, em um breve discurso.

Akihito também fez referência ao sofrimento de milhares de pessoas obrigadas a abandonar suas casas devido ao acidente nuclear provocado pelo tsunami na central de Fukushima.

Também lamentou o fato de a reconstrução esbarrar nas muitas dificuldades nas províncias devastadas e, em parte, contaminadas com a radioatividade.

Em outros locais do país, sobretudo nas cidades da costa nordeste, muitos moradores rezaram voltados para o oceano Pacífico, acompanhados de membros de suas famílias que retornaram especialmente às suas terras natais neste dia de recolhimento.

Nas regiões devastadas pelo pior desastre sofrido pelo Japão desde a guerra, os sobreviventes acenderam milhares de velas em memória das vítimas.

No porto de Ishinomaki, que sofreu terrivelmente com o tsunami, uma "marcha da reconstrução" através das principais ruas começou às 10h (22h de Brasília de sábado) em homenagem aos que morreram.

Voluntários distribuíram flores às famílias das vítimas para que depositassem nos túmulos de seus parentes.

Para um vizinho do local, Keishitsu Ito, este aniversário é um dia de imensa tristeza.

"Minha mulher foi arrastada pelo tsunami. Vou colocar estas flores em sua sepultura", contou à AFP este senhor de 80 anos que dizia: "Estou triste, não tenho ninguém com quem falar".

Um sol esplêndido reluzia neste domingo depois de dias de chuva.

Militantes antinucleares se reuniram pela manhã em Tóquio diante da sede da companhia elétrica Tokyo Electric Power (Tepco), enquanto outros protestavam em Koriyama, a 60 km da central Fukushima Daiichi, submersa depois do terremoto.

Em uma carta publicada no sábado pela imprensa, o chefe do governo afirmou que a tragédia de 11 de março estava gravada na memória da nação.

- Não nos esqueceremos de nossos parentes, amigos, colegas desaparecidos na catástrofe. Tampouco nos esqueceremos do apoio e da solidariedade que o Japão recebeu do exterior, nos sentimos profundamente em dívida e para sempre agradecidos.

O primeiro-ministro prometeu acelerar a reconstrução nas zonas arrasadas pelo tsunami e desmantelar completamente a central nuclear acidentada Fukushima Daiichi, assim como descontaminar os solos e revitalizar a economia japonesa.


Busca por fontes de energia
Um ano após a pior tragédia natural da história do Japão, a busca por novas fontes de energia é a principal tarefa de casa para autoridades e pesquisadores japoneses. O terremoto seguido de tsunami, no dia 11 de março de 2011, além de destruir praticamente todo o litoral do Nordeste do país e matar cerca de 19 mil pessoas, causou o pior acidente nuclear do mundo desde a tragédia de Chernobyl, na Ucrânia, em abril de 1986.

O Japão vem sofrendo pressão da população e também de outros países para abandonar a energia nuclear, responsável até então pela produção de cerca de um terço do que o país consumia. O governo tinha planos de aumentar a utilização dessa fonte de energia em até 50%. Mas, atualmente, apenas dois dos 54 reatores existentes no arquipélago estão funcionando.

O governo determinou que sejam feitos testes de resistência, obrigatórios a partir de agora para verificar se as usinas nucleares são capazes de suportar desastres como o de março do ano passado. Até o verão, todos os 54 reatores deverão ser desligados. Isso fez com que o déficit da balança comercial batesse recorde em janeiro passado.

As importações excederam as exportações em cerca de US$ 19 bilhões por causa do grande aumento das importações de combustível. Foi o quarto mês consecutivo de resultado negativo da balança comercial japonesa e também a diferença mais alta já registrada em 30 anos pelo Ministério das Finanças.

Desde março do ano passado, diversos protestos tomaram as ruas da capital japonesa e de outras cidades do arquipélago. Os japoneses pedem o fim do uso da energia nuclear.

Após o acidente em Fukushima, países como a Alemanha, Suíça e Bélgica decidiram abandonar a energia nuclear e desenvolver fontes alternativas renováveis de energia. No entanto, cerca de 50 países no mundo operam, constroem ou têm planos de ter usinas nucleares.

A questão foi exaustivamente abordada esta semana por todas as mídias japonesas. Os pesquisadores entrevistados são unânimes: sem a energia nuclear, o Japão não tem como sobreviver e vai depender dela, mesmo enfrentando custos mais altos. O primeiro-ministro Yoshihiko Noda e demais ministros ainda avaliam o que será feito.
protestos no Japão 
Manifestantes em Koriyama, na Província de Fukushima, usam máscaras e símbolo da Tepco - operadora da usina que teve reatores destruídos após o tsunami de 11 de março de 2011 -, exigindo o fim das atividades nucleares no Japão


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